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Portugal importa cerca de 90% das sementes utilizadas na agricultura. No caso das sementes produzidas em modo biológico, a importação chega aos 100%. Os números foram avançados esta semana à Lusa por Paulo Martinho, responsável pela Sementes Vivas, de Idanha-a-Nova, uma empresa focada na produção de sementes biológicas.
De acordo com o agricultor, o futuro da agricultura passa pela produção biológica e em Portugal devem seguir-se exemplos como o da Alemanha ou de França. “Em Portugal, estamos um pouco atrasados. A agricultura biológica teve o seu ‘boom’ há uns anos. Percebemos que está para ficar e que está na moda, quando vemos a grande distribuição a aceitar a agricultura biológica”, defende.
Paulo Martinho diz também que a produção portuguesa não está, no entanto, preparada para abastecer qualquer cadeia de distribuição. “Também por falta da educação e do conhecimento, uma vez que em Portugal abandonámos a agricultura e a investigação na agricultura. Idanha-a-Nova está a ser uma região pioneira, não só por ter abraçado este projeto, mas pelo interesse que tem manifestado por este tipo de agricultura”, sublinha.
A empresa sediada em Idanha-a-Nova explora cerca de 25 hectares e trabalha com agricultores de todo o país que fazem a multiplicação de sementes. “Entregamos a semente base, eles [agricultores]multiplicam e depois fazemos a recolha e desenvolvemos toda a cadeia de valor: produção, multiplicação, melhoramento, processamento, embalamento, comercialização e marketing”.
“A nível comercial, começamos em 2017, visto que o ano de 2016 foi de investimento. Neste momento, temos cerca de 125 variedades diferentes de sementes, sendo que mais de 70% já são portuguesas”, acrescenta o responsável pelo projeto que quer comercializar as suas sementes em todo o mundo.